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A eternidade aqui e agora.


Como seria viver eternamente, considerando o que se ouve, se ensina e/ou o que se lê, secularmente??!!
A mim me parece que, por uns milhões de anos, daria para aguentar.
Creio que os inevitáveis problemas de enfado, começariam após alguns bilhões de anos, quando provavelmente se entraria num marasmo repetitivo terrível.
E, após alguns quatrilhões de anos, misericórdia…!!!

Noves fora o inferno…falaram-me que, na eternidade há uma música que mortal algum jamais ouviu.
Maravilhoso, mas pensem em aguentar ouvir uma música super super lindíssima, porém, para sempre??!!

Ouvi dizer que, na eternidade, contempla-se a divindade face a face, em tempo integral e dedicação exclusiva.
Esplêndido, mas, com todo o respeito, quem se cansaria primeiro deste flerte eterno, por mais divino que seja? A divindade, a criatura, ou os dois?

Li muito que, a eternidade é um processo evolutivo continuado, portanto, não cessa nunca. Estudos, trabalho o tempo todo, direto e reto…
Evoluir, evoluir, evoluir sem cessar…mas que saco, sô!!

Honestamente, essas e outras descrições de eternidade, parecem-me mais adoráveis formas de condenação a um berço esplêndido, do que a uma justa premiação divina. Na verdade, lembram a condenação de Sísifo.

Sísifo é um personagem da mitologia grega, que foi condenado a repetir eternamente a tarefa de empurrar uma pedra até o topo de uma montanha, e toda vez que estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente, montanha abaixo, até o ponto de partida, por meio de uma força irresistível, invalidando completamente o duro esforço despendido, sendo necessário recomeçar. E assim, eternamente!!!! Bão, né??!!

Não lhe parece que essas eternidades, são as mais raras pedras preciosas, que se rolam em um maravilhoso morro acima, e que na hora em que achamos que completamos o lindíssimo trajeto ascendente, alguém aparece e diz:
Role mais, porque é melhor para você, afinal o chefão tá só observando o seu esforço… Vamos…vamos…não pare e evolua…evolua…não o decepcione.

Já pensaram se na eternidade, a gente pudesse fazer só as coisas de que gostamos??!! (evidentemente, desde que aprovadas pelo egrégio e ad infinitum conselho celeste de sentença) Aleluia….

E o aqui e agora??!!

Um dos melhores documentários a que assisti recentemente, abordou a vida de um leão africano em liberdade nas savanas, desde filhotinho, até à idade adulta e sua morte, na velhice. Vou chamá-lo de “Tuvivs“, porque não sei e nem vou perguntar, se posso usar o mesmo nome do animal protagonista, no documentário televisado.

Filhote, Tuvivs foi alimentado pela leoa mãe, que após o tempo de aleitamento natural, ofereceu-lhe carne de caça e o treinou para sobreviver na dura vida competitiva das savanas africanas.
Adolescente, Tuvivs foi expulso do bando pelo leão pai, que o surpreendeu cheirando determinadas partes íntimas expostas das jovens leoas, suas primas, com visíveis impulsos sexuais machistas.

Na verdade, o pai leão já andava meio insatisfeito com o nosso personagem, porque ele comia muito e não deixava nem mesmo os irmãos e irmãs chegarem perto da caça abatida. As coisas em famílias felinas resolvem-se com unhas e dentes, mas, aproximar-se languidamente das fêmeas, era um atrevimento intolerável para o machão, rei do pedaço.
Cartão vermelho, sem direito à revisão do VAR. Tuvivs tá fooooora…!!

Expulso, Tuvivs consorciou-se com seu irmão também expulso e foram procurar outro território de caça, para estabelecerem-se como machos dominantes. Para isso, deram uma surra danada no velho leão residente de outro bando da área e botaram-no para correr, sei lá pra onde!!
Xô velhinho, seu tempo acabou!! Ninguém fica para semente.
Agora, “é nóis na fita“.

Além do território como espólio da conquista, ganharam também, como herança, um harém de várias leoas reprodutoras. Tuvivs assumiu a posição de macho residente dominante e passou a viver intensamente, a sua vida leonina plena.
Eis o melhor da história do nosso protagonista felino, o viver intensamente cada dia de sua vida.

Marcava território sistematicamente, visitando as fronteiras de seus domínios, urinando em pontos estratégicos e expulsando intrusos com uma determinação inacreditável.
Protegia seu bando e sempre liderava as reações contra invasores de quaisquer espécies. Grande guerreiro!!
Com vigor, emprenhava as leoas, tão logo entravam no cio, e assim, tornou-se pai de uma prole imensa, garantindo a preservação de seus genes para muitas gerações futuras (seria uma espécie de vida eterna?).

Curiosamente, era dócil, afável e tolerante com os filhotes. Mas expulsava os que se tornavam adolescentes, tão logo exalassem testosterona.
Dormia muitas horas por dia, mas participava ativamente das caçadas. Era capaz de derrubar um búfalo de uma tonelada de peso. Claro que era o primeiro a comer, e depois de se empanturrar, permitia aos outros que chagassem à “mesa de refeições”, para o repasto em grupo.

Contudo, seu grande e maior desafio era evitar os caçadores de troféus que infestam as savanas e atiram para matar sem dó ou piedade. Para estes delinquentes socioambientais, empalhar a carcaça de um animal abatido, é muito mais gratificante, do que vê-los vivos e em liberdade. Assassinos…
Incrível e habilmente, Tuvivs conseguia esquivar-se dos caçadores, porém, viu muitos membros de seu bando, inclusive leoas e filhotes, serem abatidos criminosamente a tiros, ou em dolorosas e covardes armadilhas.

Mas um dia, jovens leões vindos de outra área chegaram, vencendo-o na disputa pelo domínio do bando e do território. A luta titânica foi gravada e impressiona pelo furor selvagem. Tuvivs foi expulso, e para sobreviver à intolerância dos novos dominadores, e por estar velho, machucado, fugiu para a periferia do território, onde passou a alimentar-se de restos de caça de outros animais.

Um dia, cansado de viver, deitou-se à sombra de uma árvore frondosa, ergueu a cabeça, olhou para os lados, rugiu fracamente e morreu…
Os urubus comeram sua carcaça, as hienas seus ossos, os micróbios e bactérias o que restou!!!!
Tuvivs nasceu, cresceu, viveu intensamente, procriou, envelheceu e morreu. Tudo acabado, inclusive vestígios. Nada eternizado…ou teria ido para algum paraíso (ou inferno) leonino alhures??!! Sei, lá…

Mas, foi para nós, os “bichos homens” e não para a flora e a fauna, que Vinicius de Moraes escreveu: “Que seja eterno enquanto dure”.

Fernando Pessoa acrescentou: “Tudo o que é bom dura o tempo necessário para ser inesquecível”.

E Lulu Santos cantou: “…Não adianta fugir. Nem mentir. Pra si mesmo agora. Há tanta vida lá fora. Aqui dentro sempre. Como uma onda no mar…”

Rubem Alves: “A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente”.

Afinal, onde as preocupações com vida eterna lá ou acolá começaram, se a vida está aqui e agora??!! Onde, quando e por que surgiram?!
Será que o debate inútil sobre “de onde viemos e para onde iremos” não deveria ser substituído pela utilíssima reflexão “estamos aqui agora“?
O que estou fazendo “aqui e agora“, não seria mais útil, do que “Onde passará a eternidade?”

Não sabemos como será a eternidade, mas sabemos como é nosso planeta.
E por que, concomitantemente aos desejos de vida eterna futura, não se almejam também, no presente, o fim dos desmatamentos, das queimadas e da poluição generalizada?! A proteção dos mananciais, cursos dágua e nascentes?! A conservação dos solos?! A proteção de mares e oceanos?! A produção de alimentos naturais, saudáveis e nutritivos?!

Não deveríamos desejar primeiramente, a vida eterna para todos os biomas e todas as suas biodiversidades?! No Brasil: Amazônia, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica, Pampas, Caatinga e Micro Sistemas localizados.
Por que nunca ninguém se lembrou de que preservar o planeta Terra com toda a sua natureza original, é garantir a vida eterna para gerações futuras?!
Seria por alienação mental induzida, com finalidades escusas ($$$)??!!

Sabe-se que, para os criacionistas, a vida eterna será possível apenas para seres humanos, através de ressurreição da carne, quando haverá julgamentos individuais, via juízo final.
Para eles, a vida eterna será no céu ou no inferno. Não haverá terceira via. O planeta Terra, como vai ficar para trás, que se dane…
Mas, felizmente, como algumas vertentes do criacionismo afirmam que a vida eterna será aqui na Terra, modestamente, sugiro que estudem Agroecologia e apliquem-na em suas vidas, agora mesmo!! Creio que assim, eternidade estará garantida…

Para os evolucionistas conservacionistas, a vida eterna até que é possível para todos os seres vivos, através da perpetuação da espécie, quando os genes são transmitidos para as gerações futuras, via reprodução continuada.
Felizmente, alguns já entendem bem as vantagens das Tecnologias Socioambientais Sustentáveis da Agroecologia e a importância da vida eterna para todos os biomas e as respectivas biodiversidades.

Todavia, para os evolucionistas desenvolvimentistas, lá na eternidade, tomara que comam muito dinheiro, em todas as suas refeições diárias, e também bebam muita água do rio Tietê (fonte Pinheiros), porque aqui na Terra, destruíram tudo, em prol da soja, eucalipto, cana, ouro, diamante, ferro, commodities, concreto, cimento, asfalto etc…

Para os membros da “Sociedade Brasileira do Desenho Inteligente“, que pretendem conciliar criacionismo com evolucionismo, também sugiro a inclusão do debate sobre as questões socioambientais sustentáveis.
Isso porque, segundo eles, no mundo natural, principalmente nas estruturas biológicas, encontram-se sinais de planejamento, funcionalidade e propósitos divinos, identificados por um “Projeto Inteligente“.

E assim, quem sabe, o bicho mamífero homem, criado ou evoluído, que tanto anseia pela vida eterna (ou não), desista de continuar depredando tudo, como sempre fez, e perceba finalmente que, urge preservar o planeta Terra, que é único, antes que se acabe para sempre.

Certamente, do jeito que está aqui agora mesmo, entenderemos porque, nesta conjectura, observar e aprender com o pequenino e mortal besouro “Rola-bosta“, é mais importante do que se especular sobre a eternidade.

Sugestão:
“Estejas sempre vestido com roupas brancas, com trajes de festa, e nunca deixes de ungir a tua cabeça com o óleo santo.
Desfruta a vida com a mulher amada em todos os dias desta vida paradoxal que Deus te concede debaixo do sol; uma vida ilusória e sem sentido!
Pois essa é a tua recompensa na vida pelo teu árduo trabalho debaixo do sol.
Sendo assim, tudo quanto vier à mão para realizar, faze-o com o melhor das tuas forças, porquanto para o Sheol, a sepultura, para onde vais, não há atividade, trabalho, reflexão, planos, conhecimento, saber, nem nada.…”. Ecle. 9×8.

Encerre mestre Paulo Freire:
“Lutar pelo verde, tendo certeza de que sem o homem e a mulher, o verde não tem cor!”.

 

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