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Eu também me perguntei se acredito em Deus

Li há algum tempo, um livro intitulado: “Perguntaram se eu acredito em Deus”, do magnífico escritor mineiro Rubem Alves, do qual me declaro fã de carteirinha, assim como de Paulo Freire, Fernando Pessoa e Nietzsche.
“Sucesso é algo que tem a ver com os valores do grupo social dominante. E os homens que admiro estiveram sempre andando na direção contrária”. (Rubem Alves). 

Recomendo-os todos, mas quem quiser saber a resposta do autor, vai ter que ler o livro, para surpreender-se com as belezas dos argumentos e principalmente com a resposta final. Eu não a antecipo. Surpresa…!!!! Afinal, há um provérbio chinês que diz:
O burro nunca aprende, o inteligente aprende com sua própria experiência e o sábio aprende com a experiência dos outros“. 

Ao terminar a leitura do livro, fiz a mesma pergunta para mim mesmo, porque lembrei-me de Lao-Tsé:
“Conhecer os outros é sabedoria. Conhecer-se a si próprio é sabedoria superior”.

Para isso, apliquei uma lição de vida que aprendi não sei com quem e nem quando, mas nunca a esqueci: “Diante de qualquer pergunta, problema, dilema, dúvida e indecisão, gaste 80% do tempo para buscas de respostas e soluções, perguntando a si mesmo, o “porquê?” da situação de que se está vivenciando. Somente após esgotar-se os “porquês”, então gaste os 20% do tempo restante disponível, perguntando-se: “como?” responder, solucionar, decidir, resolver, que fazer e como fazer?
Não inverta estas ordem e proporções. Dá errado!!! Pode crer!!! 

Acontece que, diante de qualquer dificuldade, normalmente, nós gastamos no mínimo 80% do tempo, procurando caminho para responder, solucionar, decidir e fazer. Sempre nos esquecemos de perguntar antes, o “porquê” estamos vivenciando aquilo, seja lá o quê for. Depois sim, encontra-se o melhor e ideal para realizar o “como“.
Resumindo: Gastar 80% do tempo com: “porquê?” Gastar os 20% do tempo restantes com: “como?“. 

Creio que, “por que?” se acredita em Deus (ou não) e “como?” se acredita em Deus (ou não), é uma busca humana legítima, e, encontrar uma resposta coerente, não fanática e sem dogmas exóticos, é um precioso alimento que dará sentido à nossa existência, porque poderemos encontrar um caminho para enfrentar o mundo e suas lutas existenciais conflitantes, afinal:
“Os loucos às vezes se curam. Os imbecis, nunca!!!” (AD). 

Todas as religiões do mundo, têm uma divindade suprema que denomina Deus. Todas têm um Livro Sagrado que declara ter sido inspirado pelo seu Deus. Todas declaram a vinda de algum enviado especial à Terra, para cumprir alguma missão transcendental, em nome desse mesmo Deus. Na realidade, todas insinuam seu deus superior aos demais. Os seus respectivos livros divinos melhores que os outros. Os seus enviados especiais mais sábios que os correlatos. 

Catalogando-se apenas as principais religiões terráqueas em atividades atualmente, e em ordem cronológica de surgimento, temos:


Hinduismo-Deus: Brahma. Livro sagrado:  Rig Vedas. Enviado: Vishnu;
Judaísmo-Deus: Jeovah. Livro sagrado: Torá; Enviado: Patriarcas;
Budismo-Deus: Devas. Livro sagrado: Tripitaka, Enviado: Buda;
Cristianismo-Deus: Deus Pai. Livro sagrado: Bíblia. Enviado: Jesus;
Islamismo-Deus: Allah. Livro sagrado: Corão. Enviado: Maomé. 

Vocês não acham que com tantos deuses tão poderosos, com tantos livros sagrados tão maravilhosos e com tantos enviados tão especiais, o mundo deveria ser bem melhor do que é??!! Não deveria??!! Melanie Klein, disse ao seu tempo:
“Quem já provou o fruto do conhecimento, é sempre expulso de algum paraíso”.
No meu caso, me auto expulsei de todos os paraísos convencionais. Graças a Deus!!!! 

Isso porque, o que se vê na prática: Pessoas odiando-se e degladiando-se com palavras, gestos e violência sem fim, em nome de cada deus. Ofende-se, agride-se, violenta-se, mata-se, para impor um deus melhor que os demais. Aprecio muito Ralph W. Emerson, que diz:
“Aquilo que você faz fala tão alto, que eu não consigo ouvir o que você diz”. 

Fico pensando se fosse possível capacitar todos estes fanáticos inconsequentes em Tecnologias Socioambientais Sustentáveis da Agroecologia e desenvolver programas mundiais participativos de proteção e conservação de todos os biomas e respectivas biodiversidades. Creio que em contato direto com a natureza, e cuidando dela, esses desvarios seriam substituídos pelo socioambientalismo fraternal, porque:
“Quem não tem jardins por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles…”. (Rubem Alves). 

Acontece que interpreta-se Deus, prometendo-se sempre um paraíso incrível para seus correligionários e um inferno sem precedentes para os desafetos, aí, dá nisso. E para piorar, até mesmo dentro de cada religião, em um mesmo templo, existem sub interpretações inimigas, em nome do mesmo Deus. Eu te odeio em nome de deus… O meu deus é verdadeiro e o seu deus é falso…Incrível, né??!! Só pode dar encrenca.
“Éramos todos humanos até que: a raça nos desligou, a religião nos separou, a política nos dividiu e o dinheiro nos classificou”. (Jovem africana); 

Nietzsche, ao observar a arrogância humana, escreveu:
“É o baixo ventre que impede o homem de considerar-se um deus”.
Mas, com todo respeito, penso que ele se enganou, porque, justamente os monoteístas, fizeram Deus à imagem e semelhança do homem, e aí então, o bicho pegou de vez… O meu deus é mais bonito que o seu…e top top pra você…
“Podemos escolher pressionar para um modelo melhor de cooperação e integração, ou recuar para um mundo bruscamente dividido, e por fim, em conflito por linhas seculares de nação, tribo, raça ou religião”.(Barack Obama). 

Não sei se já completei os 80% dos “porquês”, mas já vou logo avisando: Em deuses cheios de ódio e de rancor. Em deuses sanguinários e vingativos, não só, não acredito, como (olha os 20%) também, abomino seus livros sagrados e desprezo seus enviados especiais. Quero distância…Xô…
Estou certo de que, depois que o pó dos séculos passar sobre nossas cidades, nós também seremos lembrados não por vitórias ou derrotas em batalhas ou políticas, mas por nossa contribuição ao espírito humano”. (John F. Kennedy). 

Mas, será (80%) que haveria um Deus que ama a sua torcida, assim como ama todas as demais torcidas?. Ele teria que ser um Deus (20%) que diria para as ovelhas de outros rebanhos:
-Eu amo vocês, assim como amo as minhas próprias ovelhas!! Mesmo que vocês não gostem de mim, eu amo vocês, e não vou transformá-los em churrasquinhos vivos por toda a eternidade, só porque não declararam amor por mim”. Quero que me amem espontaneamente com amor genuíno, e não por medo de punição eterna”. 

Albert Einstein, embora nunca tenha chegado a crer num Deus pessoal, reconheceu a impossibilidade de um universo não criado. A Enciclopédia Britânica diz dele: Firmemente negando o ateísmo, Einstein expressou uma crença no “Deus de Espinoza, que se revela na harmonia do que existe”. Isto realmente motivou seu interesse na ciência, como ele certa vez afirmou a um jovem físico: “Eu não sei como Deus criou este mundo, eu não estou interessado neste ou naquele fenômeno, no espectro deste ou daquele elemento. Eu quero conhecer os Seus pensamentos, o resto são detalhes”. 

Creio que Fernando Pessoa, que não é Deus, captou a mensagem e escreveu divinamente:
Digo-vos: praticai o bem. Por quê?? O que ganhais com isso??
Nada!!! não ganhais nada!!!
Nem dinheiro, nem amor, nem respeito, nem talvez paz de espírito. Talvez não ganhais nada disso!!!
Então por que vos digo: Praticai o bem?? Porque não ganhais nada com isso!!!
Vale a pena praticá-lo por isto mesmo!!!”. 

E emendou: “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.
Convicto, arrematou: Ser feliz é encontrar força no perdão, esperanças nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. É agradecer a Deus a cada minuto pelo milagre da vida“.

Creio também que, os escritores abaixo, sem saber, declararam seu apoio, ou seja:
“Somos inspirados e motivados por uma visão de um mundo justo e pacífico que celebra a diversidade. Lutamos por um futuro para nossos filhos e netos que valha a pena ser vivido, sem fome e pobreza, violência e guerra”. SWISSAID; 

“Não importa quanto tempo leve. O importante é o quanto você se dedica para tornar tudo possível, e o quanto acredita em si mesmo. A mágica está em si e, nos detalhes que você compõe o seu mundo”. (Driu Kilberg); 

“Se temos de esperar, que seja para colher a semente boa que lançamos hoje no solo da vida. Se for para semear, então que seja para produzir milhões de sorrisos, de solidariedade e amizade”. (Cora Coralina); 

“Não é o que você faz, mas quanto amor você dedica no que faz que realmente importa”. (Madre Tereza de Calcutá); 

“Tudo o que você fizer na vida será insignificante, mas é muito importante que você o faça assim mesmo”. (Gandhi); 

Se a chama que está dentro de ti se apagar, as almas que estão ao teu lado morrerão de frio”. (François Mauriac); 

Sugestão de Rubem Alves:
“Ama a simplicidade. Ama a vida. Ama a beleza. Ama a poesia. Ama as coisas que dão alegria. Ama a natureza e a reverência pela vida. Ama os mistérios.
Ama Deus”.
 

E como recomendei que leiam o livro de Rubem Alves para conhecerem a sua resposta final, também recomendarei que não tentem descobrir a minha resposta final, mas sim, que cada um encontre a sua própria resposta final ou não, e sejam felizes com ela, mas respeitem a dos outros, mesmo se não concordarem!!

Por favor, não se ofendam mutuamente e muito menos se agridam, por causa de interpretações diferentes de um mesmo assunto.
E antes que alguém afirme que foi tudo muito filosófico transcendental e pergunte o que isso tudo tem haver de prático com o nosso cotidiano, eu cito Paulo Freire:
“Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.

(Nota final: Todas as flores são do meu jardim residencial e o mamoeiro do meu sítio)

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