
Observando os passarinhos no meu quintal
Assim, toda manhã, disponibilizamos as frutas na plataforma, principalmente: mamão, banana e maçã.
Imediatamente, começa a visitação festiva da passarinhada!!!
Bem-te-vis, sanhaços, canários, rolinhas, sabiás, tesourinhas, curruíras, joões-de-barro, marias-brancas, e mais recentemente, pica-paus, além de outros frequentadores eventuais, que preciso identificar. Se bem que já identifiquei dois pássaros eventuais: tucano e jacu.
Todos são “meus queridos pensionistas“. É como os caracterizo, amorosamente.
Informo-lhes que há uma ordem no processo de deglutir as frutas, imposta naturalmente pela natureza livre da passarada.
Primeiro são os bem-te-vis, que põem todo mundo para correr, no caso para voar.
Depois são os sanhaços, que em maior número, só não enfrentam os bem-te-vis. Em seguida, salve-se quem puder!!! Ataque aéreo por diversas penas. Cada um pega seu bocado no peito, na raça, no bico e no braço, no caso, na asa.
Curiosamente, recentemente apareceram os pica-paus na pensão da passarada, e puseram os bem-te-vis para voar bem ligeirinho do local. É muito engraçado observar estes pássaros esperarem sua vez, com cara de contrariados, no caso, bicos contrariados.
E quando os pica-paus se vão, os bem-te-vis assumem novamente o comando do consumo in natura. Coitadinhas das curruíras, que ficam por último na disputa, ou em qualquer situação.
Normalmente e solidariamente, colocamos uma bananinha extra para os comensais retardatários de bicos pequenos.
Quero aproveitar a oportunidade para homenagear mais uma vez, meu pássaro predileto, o sanhaço, o passarinho azul.
Conforme expliquei na minha primeira crônica, foi o sanhaço, identificado como passarinho azul, quem inspirou a criação deste espaço literário semanal, no formato de extensionismo literário inovador.
Tudo isso porque, para mim, o sanhaço é o símbolo da opção pela liberdade. Se for capturado e preso em uma gaiola, prefere morrer!!!
Voar livremente, anunciar canoramente o nascer do sol toda manhã, alimentar-se preferencialmente de frutas e viver intensamente. Assim sobrevivem secularmente na natureza, os inspiradores sanhaços!!!.
Conecte o pássaro azul sanhaço, com a opção incondicional pela liberdade, com a semeadura do extensionismo inovador, e obtém-se: “O Passarinho Azul Semeador”, descrito harmoniosamente na poesia da voluntária e poetisa da ONG-Engenheiros Sem Fronteiras-Núcleo Lavras, Lívia Capanema, disponibilizada na primeira crônica, já comentada anteriormente.
Ihh!!! Cuidado!!! Olhe o gato da vizinha!!!
Estamos distraídos com os sanhaços, e o gato vem chegando… vem chegando de mansinho… bem devagarinho… como se não quisesse nada!!
Está de olho nos pássaros, que estão de olho nas frutas. Contudo eu estou de olho no gato e nos pássaros, que se olham entre si, e de olho em mim também…
Quem estará de olho em quem??!! Já que todos têm apenas dois olhos em diferentes objetivos!! Ao menos, parece que o gato nunca estará de olho nas frutas, ou estará??!!
Nestas condições, como aplicar neste festivo evento ornitológico, aquele oportuno dito popular: “Esteja sempre com um olho no gato e outro nas sardinhas…”
Seria: “Um olho no gato e outro nos pássaros...”. Ou: “Um olho nos pássaros e outro nas frutas…”. Ou: “Um olho no gato e outro em mim…”. Ou: “Todos olhos no gato e nenhum nas frutas…”. Ou: “Olhe os pássaros e as frutas, e cuidado com o gato…”.
Enfim, você decide!!! Uma vez que os pássaros certamente têm olhos, nas frutas, no gato e em mim. Já o felino intruso tem olhos nos pássaros e em mim. E eu tenho olhos nos pássaros, no gato e nas frutas…
Mas, antes da sua decisão final, tenho boas notícias, as quais poderão ajudar nesta dramática tomada de decisão filosófica.
Informo e relato-lhes que fui testemunha ocular de um furioso ataque do casal de bem-te-vis, contra o malvado felino citado.
Acontece que, os bem-te-vis fizeram um ninho no madeiramento de meu quiosque, que fica próximo à plataforma das frutas.
Evidentemente, o propósito foi construir um apartamento avícola natural, bem próximo à pensão de frutas da plataforma, desfrutar da alimentação diária gratuita e não pagar aluguel residencial, com direito à uns mergulhinhos na piscina da casa. Muito espertinhos….
Embora não tenha sido consultado, e mesmo parecendo uma invasão de propriedade, concordei tacitamente, uma vez, que a alegria de vê-los todas as manhãs, valeria a pena.
Aliás, e pensando bem, quem invadiu o território de quem??!! Será que não sou eu quem deveria pedir licença para os bem-te-vis e demais membros da biodiversidade, secularmente residentes pelo regime de sucessão de descendentes diretos??!!
Como nada foi parar na justiça, o gato, muito sabidinho, passou a rondar o pé do quiosque, de olho no ninho, e os bem-te-vis de olho no gato, e eu de olho nos dois. E não é que, um dia, o bichano insinuou-se descaradamente escalar o quiosque para chegar ao ninho.
Ah!! Vi tudinho!!. Os bem-te-vis reagiram prontamente e atacaram o felídeo pela traseira, bombardeando a retaguarda do bichano com bicadas certeiras. Ui, uiuiui, ou melhor, miauuuu…!!! Parece que doeu muito, porque o gatuno saiu de cena ”com mais de mil por hora“.
Boa!! bem-te-vis!!! Que surra!! No MMA, isso valeria cinturão de ouro, pode crer!!
Bem, voltando ao debate de qual seria a melhor aplicação local do dito popular do olho, gato e sardinha, na plataforma avícola do meu quintal, lembro-me do mestre Paulo Freire:
“Eu quero ser lembrando como alguém que amou as pessoas os animais e toda biodiversidade“.