
O papel do aço na construção do estádio do Clube Atlético Mineiro
Por Ascanio Merrighi de Figueiredo Silva, diretor executivo do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA) em parceria com Fábio Leão, gerente técnico-comercial da Codeme Engenharia S.A.
Há aproximadamente um ano, a aprovação final do projeto Arena MRV – primeira ‘casa’ própria do Atlético – juntamente com as devidas licenças governamentais saíam do papel para dar vida à primeira arena padrão FIFA a ser construída no Brasil em uma solução estrutural híbrida, na qual o aço e o concreto podem trabalhar em conjunto no intuito de contribuir para a modernização, pioneirismo e, principalmente, agilidade das obras.
Complexa e extremamente detalhada, a construção do estádio, assim como outros espaços que venham a receber milhares de visitantes, exigiu diversas comparações em relação a outros sistemas construtivos, sendo que a tipologia usada foi a que resultou em um custo e prazo mais compatíveis com as expectativas. De acordo com as análises da Codeme Engenharia S.A, empresa responsável pelo desenvolvimento da engenharia de cálculo, fabricação e montagem estrutural, a escolha pelo sistema híbrido resultou na redução de investimento financeiro de aproximadamente 10% em relação ao sistema convencional, e trouxe ainda uma diminuição de três meses no prazo final para a execução da estrutura.
Primeiramente, faz-se importante esclarecer o que é a estrutura híbrida. Ela é aquela que utiliza na mesma obra elementos de diferentes materiais trabalhando estruturalmente integrados. Na Arena MRV, por exemplo, os pórticos de sustentação das arquibancadas e cobertura são constituídos em partes por vigas e pilares de concreto pré-fabricado, e em outras por vigas e pilares de aço.
Sem dúvida, a utilização da estrutura metálica neste empreendimento teve papel determinante, visto que, quando se teve a ideia de utilizar pilares e vigas metálicas nos pórticos de sustentação, houve um ganho significativo em custo e prazo. Ainda com uma segunda vantagem: o aço utilizado na construção da Arena MRV – aproximadamente 5 mil toneladas – é 100% de produção nacional, vindo diretamente de usinas dos maiores grupos siderúrgicos do país.
Segundo os dados mais recentes do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA), a produção brasileira de estruturas em aço aumentou 25,6% em 2019, se comparado ao número registrado em 2018. Contudo, em 2020, a chegada inesperada da pandemia do novo coronavírus levantou ainda mais desafios para o setor. Para o diretor técnico do CBCA, Ascanio Merrighi de Figueiredo Silva, uma obra de grande porte como essa, com grande investimento envolvido, contribui com o crescimento do segmento da construção industrializada em aço no Brasil, com grande geração de empregos diretos e indiretos potencializando o giro econômico.
As obras da Arena MRV iniciaram-se em 20 de abril de 2020 simultaneamente ao projeto estrutural executivo e fabricação das estruturas metálicas pela Codeme, em sua unidade industrial de Juiz de Fora. As primeiras estruturas metálicas foram montadas em 21 de dezembro desse mesmo ano, com finalização prevista para o final de 2021.
Por fim, é importante destacar que as soluções utilizadas na Arena MRV, além de serem um marco de desenvolvimento e qualidade mesmo para padrões internacionais, devem servir de base para muitos artigos técnicos. Mais que uma obra moderna, a Arena MRV torna-se um marco para a história da engenharia, assim como para a construção industrializada em aço no País. O desenvolvimento do projeto é, sem dúvidas, único em Minas Gerais e também no Brasil.