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IV-África, não os perdoe, porque eles sabem o que fazem…(Quarta parte, inédita)

Mas, desgraçadamente, chegariam o colonizadores europeus, especialmente, os belgas e os alemães. E os tempos de coexistência pacífica dariam espaço para um genocídio sem precedentes, na história daquela região. 

Entre as várias estupidezes cometidas pelos colonizadores, destaca-se aquela de quebrar a harmonia entre as comunidades hutus e tutsis, com a adoção de uma política pró tutsis e contra hutus. Ou seja, os tutsis foram considerados seres superiores aos hutus. 

Os fundamentos para esta trágica divisão de uma só população, principalmente pelos belgas, baseavam-se em critérios físicos, tais como: altura, cor da pele, formato do nariz e dos lábios. 

Assim, os tutsis, por causa do porte físico com estatura longilínea altiva, eram preferidos em todas as atividades de apoio, como os sub cargos públicos, e passaram a desfrutar de vantagens generalizadas, incluído-se as financeiras. Os hutus, por causa do porte físico mediano e corpos desajeitados, eram preteridos e considerados sub-raça, sendo desprezados. 

Os belgas chegaram ao cúmulo de criar cartões de identidade étnicos, e, desde então, a etnicidade tornar-se-ia o fator definidor mais importante da existência ruandesa. Como consequência, o ódio armazenado iria substituir, progressivamente, todos aqueles anos passados em convivência pacífica, e após a independência do país, explodiu-se incontrolavelmente. 

Na primeira revolta entre os dois grupos, alguns tutsis tiveram parte de suas pernas cortadas à machadadas, por uma facção hutu, para “ficarem todos com a mesma estatura”.
Pergunta-se:-por que os colonizadores nunca foram declarados criminosos e culpados, por seus crimes contra a humanidade??!! 

A atual República Democrática do Congo (RDC) foi no passado: Zaire, República do Congo, Congo Belga e Reino do Congo (Mzaire). Existem narrativas controversas sobre os reinos anteriores, denominados Luba e Lunda, onde os nativos desenvolviam atividades baseadas na metalurgia do ferro e do cobre, mantendo inclusive, comércio ativo com as cidades da costa oriental da África. 

Imediatamente, após a imposição do catolicismo no Reino do Congo, os comerciantes portugueses iniciaram o abjeto comércio de escravos, evidentemente, sempre em nome de Deus, e que duraria cerca de 300 anos. 

Em 1885, com o domínio belga confirmado na chamada Conferência de Berlim, o rei Leopoldo II transformou o extenso território congolês em sua propriedade pessoal e iniciou-se um processo de práticas de atrocidades, sem precedentes na história universal: genocídio, genocídio utilitário, estupro genocida e limpeza étnica. 

Deve-se ressaltar, também, que, as atrocidades correlacionadas com as políticas laborais belgas usadas para coletar borracha natural, para exportação, dizimaram milhares de nativos. O trabalho escravo com a coerção violenta, foi utilizado para recolher a borracha de forma barata, e assim, maximizar o lucro. Quanta dor, quanto sofrimento!!

O conflito que começou na Ruanda e Burundi, espalhou-se rapidamente por toda a região dos grandes lagos do Kivu, e atingiu em cheio a província de North Kivu da RDC, e todo o entorno.

Constatei pessoalmente, em minhas andanças pela região, especialmente, por Goma, Butembo, Beni e Bukavu, que os ecos e reflexos da guerra permanecem intactos até os dias atuais. 

Dizem que, em breve, a violência explodirá novamente, e muito mais brutal, por causa da corrida pela posse das riquezas minerais, agora, agravada pela novidade da expansão do agronegócio empresarial predatório, em franco crescimento. Conforme já explanamos anteriormente, e o faremos de novo, a desculpa esfarrapada será aquela de sempre: “conflitos étnicos históricos“. 

É preciso repetir mais de uma vez, que, estes conflitos étnicos históricos nunca existiram, e que, a violência foi parida, alimentada e imposta pelos colonizadores, na ânsia de domínio imperialista. Na minha opinião, a terrível reedição dos conflitos está em franca atividade, sob os olhares condescendentes dos países daquele tal “Conselho de Segurança”, que se declaram: “mantenedores da paz mundial”. Hipócritas (ao meu reino, tudo. Ao de vocês, nada).

Sobre a novidade da expansão do agronegócio empresarial predatório, em franco crescimento na região, nos dias atuais, são os Biomas, inclusive os africanos, que estão sendo violentamente agredidos, nesta sistemática e insana busca de “commodities agrícolas“, tendo como consequências imediatas: aquecimento global, epidemias, pandemias, secas, dilúvios, maremotos, fome, miséria e desertificações generalizadas. 

Revejam: “Vai recomeçar a temporada anual de queimadas, desmatamentos, destruição e agressões generalizadas ao meio ambiente”.
https://www.agazetadelavras.com.br/vai-recomecar-a-temporada-anual-de-queimadas-desmatamentos-destruicao-e-agressoes-generalizadas-ao-meio-ambiente/

Estas agressões criminosas contra os Biomas mundiais, provocam também, além do aquecimento global, o surgimento de epidemias e pandemias. E, logo depois dessa brutal pandemia de Covid-19, haverá outra não menos brutal, que será aquela do recrudescimento da fome e da miséria nos países mais pobres do mundo. 

Os problemas com a escassez de alimentos básicos e fundamentais atingirão níveis catastróficos e suas consequências econômicas / socioambientais serão imprevisíveis, desencadeando ainda mais, dentre as várias consequências: a violência, as guerras e revoltas, o tráfico de armas e drogas e as tentativas de imigrações desordenadas para os países ditos desenvolvidos. O êxodo e as marchas aleatórias das populações famintas serão inevitáveis. 

As minhas propostas (economicamente viáveis; ecologicamente corretas; socialmente justas; culturalmente adequadas; tecnologicamente apropriadas e cientificamente comprovadas) para o enfrentamento destas catástrofes que se avizinham rapidamente, estão disponibilizadas em matéria extensionista inovadora, de minha autoria, ofertada à comunidade internacional:

“Agroecology after the Covid-19 pandemic period in a world that is already suffering under global warming”.
http://repositorio.ufla.br/jspui/handle/1/42424

A República Democrática do Congo (RDC) não está imune a estas prováveis catástrofes socioambientais. Muito pelo contrário, ela será duramente atingida, se nada for feito preventivamente.

Como argumento, informo-lhes que o imenso Lago Kivu já dá sinais evidentes de contaminação pelos mais diferentes poluentes da era desenvolvimentista moderna, e muito conhecidos por nós brasileiros.

Continuaremos na próxima semana. Não percam. 

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